Entretenimento

Comitiva Indígena promove atividades em Niterói no próximo fim de semana

Jovens da aldeia durante reunião cultural. Foto: Divulgação

Uma comitiva do povo indígena Noke Kuin chega a Niterói, diretamente do coração da Amazônia Acreana, para divulgar sua cultura ancestral. O grupo tem à frente o pajé Metsa Varinawa, grande liderança de seu povo, além de ser composta por jovens músicos.

A atividade no Campo de São Bento, em Icaraí, Zona Sul de Niterói, acontece no próximo sábado (24), às 10 horas, com muita música, dança e roda de contação de histórias. O evento será aberto ao público.

O grupo Noke Kuin já tem uma série de compromissos agendados no Rio de Janeiro nos próximos 10 dias, a contar a partir de sua chegada na cidade no final desta sexta (16).

Inclusive, na próxima terça-feira (20) eles já se apresentam na abertura do Congresso Brasileiro de Agronomia, no Teatro Municipal do Rio, às 18h.

Segundo a organização da equipe, a vinda da comitiva à cidade sorriso é promovida pelo Instituto Terra Verde.

O pajé Metsa é professor das escolas indígenas, agente agroflorestal e coordenador do grupo cultural Varivakivu, formado pelos jovens da aldeia.

A visita da comitiva acontece em um momento no qual a questão indígena volta ao centro dos debates em razão de ameaças às suas terras, direitos e cultura. O objetivo da chegada em Niterói é promover o resgate da enorme contribuição que os Povos Indígenas tiveram na formação do país e do povo brasileiro.

O Povo Noke Kuin

Os Noke Kuin vivem no coração da Amazônia Acreana e foram praticamente exterminados na época do Ciclo da Borracha. Mas, com a demarcação de sua terra na década de 1990, houve um significativo fortalecimento de suas tradições sociais, culturais, espirituais.

A cultura e a língua sempre foram muito vivas, tanto é que a totalidade do povo Noke Kuin permanece fluente na própria língua. Além disso, apesar da proximidade com o centro urbano, não há nenhuma família morando fora das aldeias.

Na última década, os Noke Kuin vêm realizando viagens aos centros urbanos para realização de palestras, rodas de conversa e contação de histórias e apresentações culturais, como forma de gerar receita para investir em projetos de melhorias nas aldeias e também para divulgar sua cultura ancestral, em especial suas lindas músicas.

A presença indígena em Niterói

Araribóia é uma figura histórica muito conhecida em Niterói, principalmente pela presença de uma estátua em sua homenagem localizada na praça que leva seu nome, no Centro da cidade.

No entanto, poucas pessoas sabem o papel histórico do cacique temiminó Araribóia, que teve atuação importante na guerra da Confederação dos Tamoios, momento histórico também pouco conhecido pela população de Niterói.

Da mesma forma, poucos niteroienses têm conhecimento de que a cidade é a única do Brasil fundada oficialmente por um indígena e que Araribóia recebeu a terra da coroa portuguesa por ter participado da expulsão dos franceses e de seus aliados tamoios da colônia da França Antártica.

A posse solene das terras recebidas se deu em 22 de novembro de 1573, data na qual até hoje é celebrado o aniversário da cidade.

Ou seja, apesar de a secular presença indígena em Niterói ter contribuído de forma significante para formação cultural e social da cidade, muito pouco se sabe e se fala sobre isso, o que contribui, inclusive, para perda de importantes traços de nossa herança histórica.

A presença indígena no Brasil

Ao contrário do que pensa a grande maioria dos brasileiros, ainda existe no Brasil uma imensa diversidade de povos indígenas. O Censo IBGE de 2010 divulgou a existência de aproximadamente 900.000 indígenas, divididos em 305 povos, falantes de mais de 274 línguas diferentes.

Esses povos já habitavam o território brasileiro muito antes da chegada dos europeus e estão distribuídos em todas as regiões do país. Cada povo com sua própria história, sua língua, sua cultura, sua relação com a natureza, seus saberes ancestrais, sua medicina e espiritualidade.

São poucos os países que possuem tamanha diversidade sociocultural e étnica. Por tudo isso, o Brasil e o mundo precisam olhar e conhecer os povos indígenas e vê-los na sua real dimensão: povos que, além de herdeiros de histórias e de civilizações milenares, ajudaram e continuam ajudando a escrever e a construir a história do Brasil e do planeta com seus modos de pensar, falar, relacionar-se com a natureza e viver.

Apesar de toda a sua importância para o mundo, todos esses povos têm sofrido diversas transformações sociais, necessitando buscar alternativas para sobreviverem física, territorial e culturalmente às influências sofridas pelo restante da sociedade nacional.

< Menos roubos de veículos em Niterói Saiba como checar a qualidade do combustível ao abastecer <